sexta-feira, 11 de abril de 2008

Devastação


Ele chegou depois de muitos e muitos anos, dezenas de anos, e quando a gente pensa que quando algo demora, é por que vem pra valer, ele realmente viera pra valer!

Veio devastando tudo que encontrava pela frente! Destruiu arroios, rios, vales e montanhas. Destruiu vilarejos, aldeias, amores recém-edificados, crianças recém-nascidas, animais recém-cruzados, pontes recém-edificadas, poemas recém-elaborados, ninhos recém-construídos, até as trepadeiras nada recém-cultivadas ( mas de muitos e muitos anos celebradas), admiradas, edificadas, fotografadas...

Podem roubar seus poemas, suas noites fabulosas de bem-dormir, seu sossego matutino, sua paz, suas senhas, sua marca, mas, por Deus, não roubem o seu verde! Ve de verde. Ve de vida. E a menininha quer isso. Não o Eme da morte. A morte é para depois, muito depois da vida.

De seus poemas, ele nunca mais lera. De suas crônicas, apenas a ignávia. De seu antigo amor, apenas o ignóbil.

Não sobrara nada! E nem com a melhor das boas-vontades restara algo de toda aquela devastação.

E a garotinha, ali, perdida meio que perdida, no meio de toda aquela ventania, olhava estapafúrdia, perdida mais que perdida e, entre boquiaberta e assustada, pensava, onde vim amarrar minha cabrita?!?

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