domingo, 24 de julho de 2011

Amy


Eu a conheci numa exposição em Porto Alegre.
Durante a exposição, rodava numa TV LCD um show de uma cantora magrela, perna fina, de saiote curto e bufante, estranha a roupa, estranho o cabelo e a maquiagem. Mas a voz me encantou! Não conseguia mais prestar atenção à exposição. Fiquei hipnotizada
por aquela voz. Lembrava-me Nina Simone, Billie Holiday, J. Joplin, sei lá...o mesmo soul. Cheguei em casa e corri para saber mais dessa tal Amy W.


A música que rodava era "You Know I´m No Good". Logo virou meu hino particular.
Pesquisei a letra, vi a tradução, postei no mei site e nas redes de relacionamento. Pra mim é a música mais linda dela, incluindo o clip.


Por que aos 27 anos?

Há um livro que cita três idades críticas para todo ser humano. A primeira idade é aos 27 anos. Ou você passa numa boa pela crise dos 27 ou você afunda se não tiver uma boa estrutura. Amy tinha tudo para afundar aos 27 anos.

Coincidentemente, minha última postagem aqui foi sobre a voz de J. Joplin numa noite estrelada de praia deserta no nordeste.


Rest in peace, Amy.
































segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

O Que Eu Fiz Para Merecer Isto?




Faltara luz; normal por aqui. Mas hoje é dia de Lua Cheia e quem precisa de luz? Enquanto meus amigos ficavam lá nos notes sugando os últimos resquícios de vida das baterias, eu já de camisola, sentei à beira do mar, esperando o sono chegar, olhando a lua que despontou hoje radiante, mais parecendo uma bola de fogo imensa, apaixonante!

Aí veio um dos amigos, trouxe o vinho; eu recusei; ando meio enjoada de bebida. Ficamos ali sentados no escuro e tirando fotos da lua. Saiu tudo uma merda pra variar...sem câmera especial é difícil.

Depois veio o outro amigo; pelo jeito acabou a bateria do note. Sentou-se e ficamos os três calados; só ouvindo o barulho do mar. Aí vislumbramos o Alemão do Restaurante Marítimo, chamamos, veio ele com Bohemias estupidamente geladas. Bebemos todos!

E aí o Alemão olha pro mar, pra lua e solta a pérola da noite: O que eu fiz pra merecer isto? Caímos todos na gargalhada e tivemos que concordar. Precisa-se de algo mais pra ser feliz? Tem-se tudo aqui: amigos, um bom caldo de peixe budião, cioba e papo solto. O Alemão já tinha bebido todas e com merecimento, pois seu Restaurante ficara lotado todo este sábado. Fora puxado o seu dia! Depois de passar 20 anos criando gado no Mato Grosso, descobrira que sua paixão era a cozinha!

E agora estávamos ali nós quatro, eu de cara lavada, pés no chão, três amigos na escuridão da noite iluminada pelo único lampião de Deus no céu. Uma cena digna.

E de vez em quando soltávamos de novo _ o que eu fiz pra merecer isto? Sem som, só o barulho das ondas e de nossas risadas que enchiam a noite.

Mas lá pelas 22h veio a luz. O Alemão foi e voltou bem acompanhado de duas deusas: Janis Joplin e Tina Turner a tiracolo. Não faltava mais nada. Janis com sua voz inconfundível inundou a noite, embalou nossas veias e arrepiou os pelos do braço. O que eu fiz pra merecer isto? Na terra do forró, a música era perfeita.

Só fomos dormir à meia-noite já completamente tortos. E eu nem queria beber, mas a noite merecia uma comemoração.
Dormimos agradecidos.
Pititinga, 22/01/2011.
RN

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Longe de casa...


No meio de tantas lojas e quinquilharias, ela achou um sebo. Tudo misturado, mal distribuído em total promiscuidade de livros e revistas e impossível de achar algo premeditado.

Sem pressa, sentou-se num banquinho e olhou os livros mais à mão. Vislumbrou uma sombra do seu lado, olhou devagar e viu um homem deitado sob uma estante de outra loja e sobre uma coberta rústica; apenas um metro e meio separavam uma loja de outra. O sol fustigava lá fora, mas ali naqueles escombros de lojas, óculos e livros, até o ar parecia estar mais fresco. Aquele labirinto de lojas mais lembravam tumbas ou masmorras.

Achara dois ou três livros interessantes, clássicos apenas, que nunca tivera à mão para ler. Mas levou “O Carteiro e o Poeta”. Ela vira o filme e gostara da história que retrata Pablo Neruda. Filme lindo. Marcante. Pagou 5,00 apenas pelo livro. E saiu devagar, olhando lojinha por lojinha. Mundo estranho este; parece mais uma rua de Nova Delhi... e ela uma estrangeira no meio de tantas coisas diferentes, cores diferentes, costumes e linguajar diferentes.

Depois de perambular calmamente pelos quiosques de tudo à venda, sentou-se no seu quiosqui favorito, onde todos os anos ela degusta um peixe delicioso com macaxeira e uma cerveja gelada.. Pediu uma cerveja, abriu o livro e devorou-o, já que o peixe acabara, dissera a moça que atendia.

Voltou à primeira página e botou sua marca: nome e data, 12/1/2011, Alecrim, Natal, RN. No final da página escrevera o número do celular da amiga. Ia ligar pra elas se encontrarem ali; ela estava pertíssimo. Do quiosque dava pra vê-la no Caixa da loja. Ela até retornou a ligação, mas seu celular não estava com alcance ali naquele bairro. Ela estava distante de tudo e de todos, tão longe...às vezes pintava uma vontadezinha de voltar...mas tem tanto a ver ainda por aqui, onde nem o celular tem alcance.

Só nesta cidade pode-se sentar num boteco no meio da rua e ficar lendo no meio do rumor de tantos ônibus que cruzam e ficar olhando passivamente, ora o livro, ora as pessoas que passam. Calma. Paz. Tudo ta certo e no lugar certo.

Ela está no lugar certo.

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Quadro Inacabado


Te pinto de mil cores
mil imagens,
brincando de deus
eu vou te pintando.
Te pinto com água,
com lágrima,
com mão no cabelo,
à luz da lua,
só pra te rever,
quando longe eu estiver...
5/1/2011