sábado, 3 de janeiro de 2015


Invasão



Vou penetrar nos teus caminhos,
te inundar de cartas,
te afogar no meu amor,
te acumular de palavras,
tantas, mas tantas, meu amor
que quando você notar,
impossível será escondê-las.

Elas estarão transbordando
pelos livros, 
pelos discos,
 pelas janelas,
 esgotos,
telhados e chaminés...

E aí, poderemos viver...



Persona



e quando a boneca se viu só,
lentamente,
num ritual mágico,
se cobriu com a pomada
pra  bundinha de nenê; 
e seus dedos circularam
suavemente,
até nada ficar dor da pele.

E o Arlequim se fez
e esperou.
Esperou. Que alguém viesse,
real(mente),
e atirasse para dançar.


Blues



e seu rosto surgiu
em meio à multidão
sério
meio-sério
meio-sorriso
meio-desejo
e me deixou bêbada
de sedução
tonta de  carnaval
esperando sua mão doce
que me levasse
aonde, nao sei
me deitasse sobre ramadas
de folhas secas
e me cobrisse
com a leveza  das nuvens.