Sou uma de tuas bonecas
que jogas pro lado
arrancas um braço
e torces o cabelo.
Sou eu uma teia
na qual te emaranhas
e te perdes em mim.
Sou eu um de teus tapetes
teu capacho que deitas
e rola, geme e se encolhe
sem entender por quê.
Sou eu tua música que voa solta
e vaga deserta esbarrando em árvores.
Sou teu barco sem rumo
sem amanhã, sem depois
sem açúcar, sem feijão.
Sou eu teu periscópio
que catas à noite
pedaços de estrelas
sonhos de lua
um pouco de paixão
um beijo molhado.
Sou eu teu porta-alfinetes
teu traveseiro
teu corpo suado
querido e devasso.
Sou eu um dos teus livros
que abres sem pressa
sem angústia
com carinho
e te delicias
em cada folha
em toda letra.
em toda letra.
Sou eu teu guarda-chuva,
tua gaveta, teu colchão,
teu bicho selvagem
tua mata cascata riso ternura...
Sou eu tua bruxa tua maga tua gênia tua fada
tua estrela...
(Para o Renato, um gênio no piano)
Nenhum comentário:
Postar um comentário