sábado, 17 de maio de 2008

Barco sem Rumo




Sou uma de tuas bonecas
que jogas pro lado
arrancas um braço
e torces o cabelo.
Sou eu uma teia
na qual te emaranhas
e te perdes em mim.

Sou eu um de teus tapetes
teu capacho que deitas
e rola, geme e se encolhe
sem entender por quê.

Sou eu tua música que voa solta
e vaga deserta esbarrando em árvores.
Sou teu barco sem rumo
sem amanhã, sem depois
sem açúcar, sem feijão.

Sou eu teu periscópio
que catas à noite
pedaços de estrelas
sonhos de lua
um pouco de paixão
um beijo molhado.

Sou eu teu porta-alfinetes
teu traveseiro
teu corpo suado
querido e devasso.
Sou eu um dos teus livros
que abres sem pressa
sem angústia
com carinho
e te delicias
em cada folha
em toda letra.

Sou eu teu guarda-chuva,
tua gaveta, teu colchão,
teu bicho selvagem
tua mata cascata riso ternura...

Sou eu tua bruxa tua maga tua gênia tua fada
tua estrela...
(Para o Renato, um gênio no piano)



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