quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Longe de casa...


No meio de tantas lojas e quinquilharias, ela achou um sebo. Tudo misturado, mal distribuído em total promiscuidade de livros e revistas e impossível de achar algo premeditado.

Sem pressa, sentou-se num banquinho e olhou os livros mais à mão. Vislumbrou uma sombra do seu lado, olhou devagar e viu um homem deitado sob uma estante de outra loja e sobre uma coberta rústica; apenas um metro e meio separavam uma loja de outra. O sol fustigava lá fora, mas ali naqueles escombros de lojas, óculos e livros, até o ar parecia estar mais fresco. Aquele labirinto de lojas mais lembravam tumbas ou masmorras.

Achara dois ou três livros interessantes, clássicos apenas, que nunca tivera à mão para ler. Mas levou “O Carteiro e o Poeta”. Ela vira o filme e gostara da história que retrata Pablo Neruda. Filme lindo. Marcante. Pagou 5,00 apenas pelo livro. E saiu devagar, olhando lojinha por lojinha. Mundo estranho este; parece mais uma rua de Nova Delhi... e ela uma estrangeira no meio de tantas coisas diferentes, cores diferentes, costumes e linguajar diferentes.

Depois de perambular calmamente pelos quiosques de tudo à venda, sentou-se no seu quiosqui favorito, onde todos os anos ela degusta um peixe delicioso com macaxeira e uma cerveja gelada.. Pediu uma cerveja, abriu o livro e devorou-o, já que o peixe acabara, dissera a moça que atendia.

Voltou à primeira página e botou sua marca: nome e data, 12/1/2011, Alecrim, Natal, RN. No final da página escrevera o número do celular da amiga. Ia ligar pra elas se encontrarem ali; ela estava pertíssimo. Do quiosque dava pra vê-la no Caixa da loja. Ela até retornou a ligação, mas seu celular não estava com alcance ali naquele bairro. Ela estava distante de tudo e de todos, tão longe...às vezes pintava uma vontadezinha de voltar...mas tem tanto a ver ainda por aqui, onde nem o celular tem alcance.

Só nesta cidade pode-se sentar num boteco no meio da rua e ficar lendo no meio do rumor de tantos ônibus que cruzam e ficar olhando passivamente, ora o livro, ora as pessoas que passam. Calma. Paz. Tudo ta certo e no lugar certo.

Ela está no lugar certo.

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